Jornalista morre durante protestos

Nova York, 24 de julho de 2003 — O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) está chocado e pesaroso com a morte de Héctor Ramírez, repórter do Canal 7 da televisão, que morreu hoje quando cobria protestos na capital, Cidade de Guatemala.

Juan Carlos Lange, diretor de notícias de Notisiete, o programa de notícias para o qual Ramírez trabalhava, disse hoje ao CPJ que ainda não está claro exatamente como o jornalista, de 62 anos, morreu. Os resultados da autópsia irão revelar se Ramírez morreu em decorrência de ferimentos, depois de ter sido espancado por manifestantes, ou de um infarto quando tentava fugir de seus atacantes.

“Hoje é um dia muito triste, Ramírez era o repórter mais experiente da estação de TV”, disse Lange.

De acordo com várias fontes, os protestos irromperam hoje por toda a Cidade de Guatemala, depois da decisão da Suprema Corte no domingo, 20 de julho, que aprovou, conforme solicitada por dois partidos de oposição, uma proibição temporária para a candidatura do ex-ditador Efraín Ríos Montt à presidência nas eleições que se realizarão em 9 de novembro. A corte irá marcar para breve uma audiência completa para determinar se Ríos Montt pode concorrer.

Hoje, os simpatizantes de Ríos Montt invadiram a cidade, vindos de áreas rurais, usando máscaras e paus, e procuravam atacar jornalistas que cobriam os protestos.

Outros jornalistas escaparam por pouco de ferimentos. Juan Carlos Torres, 28, fotógrafo do jornal elPeriódico, e Héctor Estrada, 23, operador de câmera na estação de TV Guatevisión, fugiram depois que os manifestantes os encharcaram de gasolina, em uma tentativa de queimá-los vivos. “Foi absurdo, a multidão estava completamente fora de controle”, disse ao CPJ Haroldo Sánchez, diretor de notícias da Guatevisión.

Segundo fontes do CPJ, autoridades do governo e a Polícia Nacional fizeram pouco para controlar a multidão furiosa.

“Exigimos uma investigação imediata e rigorosa deste terrível incidente”, disse o coordenador-chefe de programas do CPJ, Joel Campagna. “As autoridades têm que processar todos os responsáveis, até as últimas conseqüências da lei”.