Investigação do assassinato de jornalista colombiano está paralisada

Nova York, 24 de maio de 2010 – Dois meses depois do assassinato do jornalista colombiano Clodomiro Castilla Ospino, a investigação judicial está paralisada e a filha da vítima se viu obrigada a deixar sua cidade natal, Montería, depois de ser perseguida. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) exortou hoje as autoridades a concluir uma investigação completa sobre o homicídio de Castilla, proporcionar proteção para a sua família e levar os responsáveis pelo crime à justiça.

Castilla, editor e proprietário da revista local El Pulso del Tiempo, foi baleado em 19 de março por dois desconhecidos que estavam em uma motocicleta em frente a sua casa em Montería, no norte da Colômbia, segundo informes da imprensa local. As autoridades colombianas não identificaram nenhum suspeito, nem revelaram possíveis motivos do crime. A investigação pelo assassinato foi transferida para o escritório do promotor geral em Bogotá em 26 de março. Nenhum progresso foi obtido desde então.
Tania Castilla Florez, filha do jornalista e testemunha no caso, disse ao CPJ que abandou Montería no fim de abril após vários incidentes nos quais ela e membros de sua família foram perseguidos. Em uma ocasião, dois sujeitos encapuzados em uma motocicleta se aproximaram repentinamente,  levando-a a correr para dentro de casa. Castilla também afirmou que ela e outros membros de sua família haviam sido seguidos por uma caminhonete com vidros escuros. 
Um dia depois do assassinato de Clodomiro Castilla Ospino, o presidente Álvaro Uribe Vélez condenou o homicídio e ofereceu uma recompensa de 50 milhões de pesos colombianos (26 mil dólares norte-americanos) por informações que levassem aos responsáveis pelo crime, segundo a imprensa local. 
“Os responsáveis pelo assassinato de Clodomiro Castilla Ospino atuam com tanta impunidade que se sentem livres para intimidar a família do jornalista”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “A impunidade que cerca o caso está causando um efeito intimidador e inibe a capacidade da imprensa de informar livremente”. 
Castilla havia coberto numerosas notícias sobre temas sensíveis. Segundo o jornal El Tiempo, o jornalista informou sobre o uso ilícito de fundos públicos na campanha eleitoral para o congresso em 2006 e sobre uma sentença judicial que ordenava que pedisse desculpas por uma fotomontagem publicada em sua revisa. Pouco antes de sua morte, segundo o El Tiempo, Castilla havia coberto uma sentença judicial contra o dono do jornal El Meridiano de Montería  por uma disputa de terras. 
Ao menos nos últimos quatro anos, Castilla também havia recebido numerosas ameaças em represália por sua cobertura sobre as ligações entre políticos locais, proprietários de terra e grupos paramilitares e extrema-direita, asseguraram jornalistas locais ao CPJ. 
O governo colombiano forneceu proteção a Castilla de 2006 até 2009 devido às numerosas ameaças contra ele, segundo um comunicado da organização local Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, sigla em espanhol). Em novembro de 2009, no entanto, o Ministério do Interior retirou a proteção cm base em uma avaliação da agência de inteligência que garantia que Castilla não estava em situação de risco, segundo a FLIP.