Jornalistas ameaçados de morte em três departamentos colombianos

Bogotá, 30 de setembro de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está alarmado com as ameaças de morte contra vários jornalistas em diferentes departamentos (estados) da Colômbia durante a última semana e insta as autoridades a garantir a segurança dos jornalistas. Todos haviam informado sobre atividades criminosas na região.

“Os grupos criminosos estão descarada e publicamente ameaçando jornalistas colombianos em uma tentativa de silenciar qualquer trabalho informativo sobre suas atividades”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa para as Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades devem investigar estas ameaças e processar os responsáveis para pôr fim a estas mensagens intimidadoras. As vítimas não são apenas os jornalistas, mas também o público, que se vê privado de informações sobre a delinquência na Colômbia”.

Em um folheto distribuído por e-mail, o grupo criminoso Los Urabeños ameaçou no domingo matar oito jornalistas se não fugissem das cidades de Buenaventura e Cali, no departamento de Cauca, segundo as informações da imprensa. Os jornalistas informam sobre criminalidade em ambas as cidades. O grupo Los Urabeños é uma das maiores facções criminosas da Colômbia.
Não está claro se os jornalistas abandonaram as cidades. Alguns solicitaram que seus nomes não fossem publicados. Um deles, Henry Ramírez, fotógrafo do jornal Q’hubo de Buenaventura, disse ao CPJ que planejava se reunir com seus editores para decidir se continuava ou não trabalhando em Buenaventura.

Los Urabeños se queixaram no panfleto da cobertura feita na semana passada pelos meios de comunicação da captura, no Chile, de uma de seus supostos membros. Em 25 de setembro, Q’hubo publicou em sua capa uma foto da suposta integrante com uma legenda que a identificava como “rainha” das casas de tortura da cidade, segundo informou Jonathan Bock, diretor da Área de Monitoramento e Proteção da Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, sigla em espanhol) em Bogotá.

Bock disse ao CPJ que as autoridades de Buenaventura se reuniram na segunda-feira para abordar as ameaças. Afirmou que os oficiais da polícia estavam entrevistando os jornalistas e que a Unidade Nacional de Proteção do governo estava analisando a situação para decidir que medidas de segurança tomará.

Ramírez indicou ao CPJ que apenas tirar fotos ou escrever notas curtas sobre a prisão ou o assassinato dos traficantes de drogas havia se transformado em uma tarefa perigosa. Los Urabeños dominam muitos dos bairros em Buenaventura e estão envolvidos em disputas territoriais letais com outros grupos criminosos, segundo as autoridades colombianas e grupos de direitos humanos. A cidade é um importante ponto de exportação de cocaína rumo à América Central e o México.

Em outro incidente, na quinta-feira, um folheto foi distribuído na cidade de Montería, no departamento de Córdoba, no norte do país, ameaçando a vida de 24 pessoas, entre elas políticos do alto escalão, ativistas e jornalistas, segundo as informações da imprensa. O panfleto, que foi assinado pelo grupo criminoso Los Rastrojos, ameaçou Leiderman Ortiz Berrío, do semanário La Verdad del Pueblo na região nortista de Bajo Cauca, no departamento de Antioquia, e Edgar Astudillo, da Rádio Pnzenú em Montería, segundo as informações.

Ortiz e Astudillo, que informam sobre atividades criminosas locais, foram ameaçados e atacados anteriormente, segundo informações da imprensa. A FLIP afirmou em um comunicado que os dois jornalistas têm proteção policial.

No início deste mês, a jornalista colombiana Amalfi Rosales do El Heraldo abandonou sua casa na região norte de La Guajira depois que ela recebeu ameaças de morte e homens armados dispararam contra sua casa. Rosales havia informado sobre supostos vínculos entre um ex-governador do estado e grupos criminosos.

Os jornalistas colombianos que informam sobre questões sensíveis como o prolongado conflito armado do país, a criminalidade e a corrupção, viram um ressurgimento da violência e da intimidação nos últimos anos, segundo a pesquisa do CPJ. O diretor de rádio Luis Carlos Cervantes Solano foi assassinado na região de Bajo Cauca em agosto, em circunstâncias obscuras.