Uma ativista com foto de José Moisés Sánchez Cerezo, jornalista mexicano que foi sequestrado no estado de Veracruz (Reuters/Tomas Bravo)
Uma ativista com foto de José Moisés Sánchez Cerezo, jornalista mexicano que foi sequestrado no estado de Veracruz (Reuters/Tomas Bravo)

Jornalista sequestrado de sua casa no México

Nova York, 5 de janeiro de 2015 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o sequestro do jornalista mexicano José Moisés Sánchez Cerezo e insta as autoridades a fazer todo o possível para encontra-lo e deter os responsáveis.

Vários indivíduos armados não identificados sequestraram Sánchez quando ele estava em sua casa no município de Medellín de Bravo, no centro do estado de Veracruz, na tarde de sexta-feira e confiscaram seu computador, sua câmera e outros materiais eletrônicos, segundo as informações da imprensa. Nada se soube do paradeiro do jornalista deste então, segundo as informações.

Sánchez trabalha como taxista e utilizou o dinheiro que ganhou para fundar o jornal La Unión, um pequeno semanário impresso que também é publicado na Internet e cobre eventos locais em Medellín de Bravo. O jornal frequentemente criticava as autoridades locais, em particular o prefeito, Omar Cruz Reiz, e denunciava atividades criminais em nível local, assim como a qualidade pobre de serviços básicos como a coleta de lixo e a ausência de iluminação púbica. Um repórter local que pediu para permanecer anônimo por temor a represálias disse ao CPJ que Sánchez não publicava o periódico impresso há vários meses por dificuldades econômicas. O último artigo publicado no site de La Unión data do mês de abril, segundo a apuração do CPJ.

Nos meses recentes, segundo jornalistas locais e informações da imprensa, Sánchez havia publicado no Facebook comentários críticos, links para diferentes artigos e vídeos. Também atuou como fonte para outros jornalistas de Veracruz, proporcionando fotografias e informações.

Nos dias anteriores ao sequestro, o jornalista publicou no Facebook várias fotografias de protestos contra o governador do estado, Javier Duarte de Ochoa, assim como links para artigos sobre um assassinato recente. Em 13 e 14 de dezembro, publicou uma série de artigos, comunicados de imprensa e um vídeo relacionado com a formação de um grupo de autodefesa de um bairro em resposta ao crime local. Não está claro se Sánchez foi o autor do material publicado no Facebook. Além de informar sobre suas atividades, Sánchez era ativo no grupo de defesa do bairro, segundo as informações.

O jornalista que preferiu permanecer anônimo indicou ao CPJ que a informações sobre os grupos de autodefesa de cidadãos é particularmente sensível para os funcionários locais, que tentam minimizar as falências das forças de segurança local. O filho do jornalista, Jorge Sánchez, disse à agência The Associated Press que seu pai havia sido ameaçado pelo prefeito em relação a sua cobertura sobre os grupos de autodefesa.

Em uma conferencia de imprensa na segunda-feira, o prefeito negou qualquer vínculo com o sequestro e afirmou que cooperaria com a investigação, segundo a AP. As autoridades estaduais indicaram hoje em um comunicado que vários policiais municipais haviam sido detidos para interrogatório relacionado ao crime, mas não forneceu mais detalhes.

Em uma coletiva de imprensa no sábado, o governador Duarte se referiu a Sánchez como um “ativista e taxista”. No domingo, depois das críticas dos jornalistas locais, o porta-voz do governo publicou nas redes sociais que o governador havia se reunido com a família de Sánchez e se referiu a ele como jornalista, segundo as informações da imprensa.

“As autoridades de Veracruz têm um histórico de denegrir o trabalho dos jornalistas locais e um mísero recorde de impunidade nos casos de crimes contra a imprensa”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades locais devem encontrar José Moisés Sánchez Cerezo imediatamente, trazê-lo em segurança e garantir que os sequestradores sejam processados”.

Veracruz é um dos estados mais perigosos para a imprensa no México, segundo a pesquisa do CPJ. Desde 2011, ao menos três jornalistas morreram no exercício da profissão, segundo a apuração do CPJ. O CPJ continua investigando as mortes de ao menos seis outros jornalistas sob circunstâncias pouco claras. Pelo menos três jornalistas desapareceram no mesmo estado neste mesmo período. No passado, o governador Duarte tentou minimizar qualquer vínculo possível entre os assassinatos de jornalistas e seu trabalho profissional.

A violência vinculada ao narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo, segundo os dados do CPJ. Mais de 50 jornalistas foram assassinados ou desapareceram desde 2007. O México ocupou o sétimo posto na edição 2014 do Índice de Impunidade do CPJ, que aborda nações onde os jornalistas são assassinados sem que os responsáveis pelos crimes sejam levados a julgamento.