Agente da Inteligência colombiana preso por assassinato de jornalista

Nova York, 20 de junho de 2010 – Um ex-subdiretor da agência nacional de inteligência colombiana teve ordem de prisão decretada como mentor intelectual do assassinato, em 1999, do jornalista Jaime Garzón. José Miguel Narváez está atualmente detido aguardando julgamento por outro caso.

A Procuradoria Geral emitiu a ordem de prisão na terça-feira depois que ao menos três ex-chefes paramilitares implicaram Narváez na morte de Garzón, noticiou o jornal colombiano El Tiempo. Ex-líderes paramilitares já haviam ligado Narváez ao assassinato de militantes comunistas colombianos, de acordo com o El Tiempo. 

Narváez, que era vice-diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), está na prisão desde agosto de 2009 por acusações relacionadas à espionagem ilegal de juízes, jornalistas, políticos da oposição e organizações de direitos humanos, incluindo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Narváez foi formalmente acusado de espionagem ilegal em janeiro de 2009 e enfrentará julgamento. O ex-agente do DAS também foi vinculado ao assassinato, em 1994, do político de esquerda Manuel Cepeda, de acordo com informação publicada no El Tiempo.

O advogado de Narváez, Ulises Durán, disse que seu cliente recorrerá da decisão, informou o jornal El Espectador de Bogotá.

“Saudamos esta decisão como um importante avanço no ainda não solucionado assassinato de Jaime Garzón”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades colombianas devem, agora, identificar e processar todos os responsáveis pela execução do homicídio”.

Garzón, humorista político e apresentador de programas de rádio e TV, foi assassinado em 13 de agosto de 1999 por dois homens armados em uma motocicleta por volta das 6h00, quando dirigia para o trabalho em Bogotá. Em 10 de março de 2004, um tribunal de Bogotá condenou o líder paramilitar Carlos Castaño a 38 anos de prisão por também ordenar o homicídio de Garzón, informou o El Tiempo. Castaño desapareceu em abril de 2004 e acredita-se que foi morto por outros líderes paramilitares.

A Colômbia tem a mais alta taxa de impunidade em crimes contra jornalistas na América Latina, segundo o Índice de Impunidade 2010 do CPJ, que calcula o número de assassinatos de jornalistas não solucionados em relação à população de cada país.